terça-feira, 26 de abril de 2011

2º Capitúlo do livro...

O Corte Proibido de Cabelo

CERTO DIA, quase no final das férias de Katya, a babushka (que significa avó) decidiu abater alguns gansos sozinhos gansos. Essa era a chance de Katya se redimir pela última travessura ao deixar os gansos sozinhos. Katya gostava muito de ajudar baba em tudo. Com passos rápidos, ela foi feliz da vida ao encontro de baba Katya, que a esperava próximo ao redil dos gansos.
-Pegue aquele ali- baba Katya apontou um ganso cinza bem gordo.
Katya agarrou um dos pés da ave. O ganso grasnou irritado e Katya afastou o rosto o máximo que pôde para evitar que as asas poderosas da ave batessem nela.
A menina segurou com firmeza o pescoço do ganso sobre o tronco que servia de tábua de abate. Baba Katya agarrou a cabeça da ave e baixou a faca afiada de açougueiro. Ela ia partir o pescoço do ganso em dois.
Katya não conseguiu presenciar a acena. Parecia muito cruel. De repente, saiu correndo para dentro de casa. a avó caiu na risada. Katya bateu a porta e foi direto para a sala, agachando-se no chão atrás do sofá. Não saiu dali até que ouvi a avó entrar na cozinha.
-Eu ajudo a limpar o ganso, baba Katya- disse a neta com meiguice.
-Que Bom! Não se preocupe com seu estomago fraco - falou baba Katya, bondosamente.- Você é igualzinha à sua mãe. Coração Mole - acrescentou balançando a cabeça. Nada bom para uma menina da fazenda, mas acho que você tem outros planos para sua vida.
-Não tenho nenhum palo até agora- admitiu Katya- exceto fazer parte dos pioneiros no próximo ano escolar.
-Você tem que ser uma boa menina para fazer parte desse grupo- lembrou baba Katya.
Katya se esforçava para ser uma boa menina. Não queria magoa baba Katya  e dido Vania. Não queria que gritassem com ela também, especialmente dido Vania, com aquela voz grave e assustadora.
Mas o mundo inteiro parecia estar contra ela. Os gansos que sobraram continuaram a atormentá-la. Estava entediada e o clima parecia quente demais. Certa tarde, alguns dias depois, Katya sentou-se a margem do rio e afastou os cabelos longos e pesados do pescoço e das costas. Por alguns minutos, a brisa refrescou a pele suada.
-Você deveria pedir para sua avó cortar seu cabelo. Minha avó cortou o meu- disse uma voz feminina.
            Katya virou-se e encontrou Frozina em pé, logo atrás, sorrindo. o cabelo louro dourado de Fronzinha tinha sido cortado num formato oval ao redor do rosto.
- Oh, Frozina! Seu cabelo está lindo- Katya exclamou
- Sinto menos calor desse jeito-Frozina respondeu. - você realmente deveria pedir para sua avó cortar o seu também.
Katya correu os dedos por entre os cabelos grossos. Eles batiam na altura da cintura. Baba Katya e dido Vania gostavam muito dos cabelos da neta. Eles os chamavam de coroa de glória.
Essa coroa de glória pode ser boa durante o inverno, pensou Katya, mas no verão esquenta demais. Quanto mais pensava a respeito do assunto, mais empolgada a menina ficava. Mal podia esperar para voltar para casa ao final da tarde.
Assim que entrou na cozinha, ela perguntou:
-Baba Katya, você pode cortar meu cabelo? Está tão quente. Seria muito mais confortável se o meu cabelo fosse curto.
- Cortar o seu lindo cabelo? Claro que não! - respondeu baba Katya, chocada.
-Nem pense Nisso- ordenou dido Vania.
Katya não disse nada, mas ficou emburrada durante o jantar e enquanto ajudava nas tarefas domésticas. Assim que teve chance, resmungou um mal-humorado ''Boa noite'' para os avós e foi para cama. As casas ucranianas eram grandes. Além disso, baba e dido tiveram cinco filhos; por isso, a casa tinha vários quartos. O quarto de Katya ficava bem longe do quarto dos avós.
De repente, Katya teve uma idéia brilhante. Se esperasse até os avós dormirem, eles não a ouviriam sair do quarto. Então poderia cortar o cabelo e eles não acordariam. Depois que o cabelo já estivesse curto, o que poderiam fazer?
Baba Katya trabalhou até tarde, como sempre. Katya lutou para ficar acordada enquanto esperava. Mas finalmente a casa ficou em silencio. Katya esperou mais um pouquinho para ter certeza de que os avós estavam dormindo mesmo. Em seguida, saiu sorrateiramente do quarto e foi na pontinha dos pés para a sala. Katya remexeu a cesta de costura de baba Katya até encontrar a tesoura. Não ousou acender a luz nem por um segundo. Segurou o cabelo na altura que achou que deveria cortar e passou a tesoura.
Com uma das mãos, tateavaa cabeça; coma outra, cortava o cabelo. Tinha certeza de que ficaria igualzinho ao corte de frozinha.
Agora, sim! Com o cabelo na altura dos ombros, não sentiria tanto calor nas costas e seria muito mais fácil afastar o cabelo do pescoço para sentir a brisa fresca. Poderia ter uma noite de sono confortável. Ainda no escuro, varreu o cabelo que caiu no chão e jogou a sujeira no lixo. Voltou para o Quarto na ponta dos Pés e caiu na cama. Logo pegou no sono.
Parece que não demorou nada para que o canto dos galos da vila acordasse Katya. Certamente estavam adiantados. Mas, ao abrir os olhos, ela viu que o céu realmente estava surgindo no horizonte.
- Hora de acordar, preguiçosa! - Katya ouviu a voz animada de baba Katya do lado de fora do quarto.
Katya se arrastou para fora da cama, esquecendo-se totalmente do corte de cabelo. Vestiu-se depressa e foi correndo para a cozinha ajudar a avó a preparar o café da manhã.
Baba Katya quebrava ovos na tigela quando viu Katya na porta. Ficou de queixo caído.
-Katya! - gritou. - OI que Você fez no seu cabelo?
Katya se lembrou do que tinha feito e imediatamente colocou as mãos sobre a cabeça.
- sentia muito calor do outro jeito- ela alegou. -Tive que cortar.
- Você já se viu no espelho? - perguntou baba Katya. A menina balançou a cabeça negativamente a cabeça
- Venha cá.
Baba Katya levou a neta para a sala e a colocou na frente do espelho.
Que horror! Em vez do formato oval e harmônico que Katya tinha imaginado, o cabelo estava todo arrepiado. Pior ainda, parecia que não tinha nem dois fios sequer no mesmo comprimento. Estava parecendo um porco-espinho.
- Baba Katya- ela choramingou. - por favor, ajeite meu cabelo. Você consegue deixá-lo no mesmo comprimento.
Mas a avó balançou a cabeça.
- Então, vou À cabeleireira. ela vai arrumar para mim. Retrucou Katya, cheia de esperança.
Baba Katya balançou a cabeça.
- Você nos desobedeceu. Decidiu cortar o cabelo apesar do que falamos. Agora que cortou, aguente. Vamos ver o que os seus pais dirão quando o porquinho espinho estiver de volta!
Mas antes que Katya pudesse acostumar-se com aquele cabelo horrível, tinha chegado a hora de voltar para casa. Dido Vania chegou em casa com Alexander Govorovna e sua esposa, Olga Govorovna, amigos dos pais de Katya. eles moravam na mesma cidade, em Karamken. Tinham levado Katya para Ucrânia e a acompanhariam de volta para casa.
- Oi, Tio. Oi, tia- cumprimentou Katya com educação- Cumprimentou Katya com a Educação, do jeito que as crianças russas se dirigem aos adultos.
- Oi, Katya - responderam o tio Alexander e a tia Olga.
Eles continuaram olhando para o cabelo dela. O desejo de Katya era poder colocar um chapéu para esconder o cabelo. Mas era verão, quente demais para usar  qualquer chapéu. Ela olhou para baixo.
- Katya, - disse tia Olga- quem cortou o seu cabelo? nunca vi esse estilo antes.
- eu mesma- murmurou Katya, com o rosto vermelho de vergonha.
-ah! - disse tia Olga. Depois disso, ela não se referiu mais ao cabelo de Katya.
Baba Katya e dido Vania deram um abraço de despedida na neta. Katya pegou sua bagagem e acompanhou os tios estrada afora. A estrada descia a colina e passava pelo rio Lá embaixo. Katya observou o campo em que costumava vigiar os gansos. todos tinham sido abatidos ou vendidos. Eles não o atormentariam, mais naquele ano.
Katya se sentiu melhor só de pensar nisso. Levantou a cabeça. Ele realmente sentia menos calor com o cabelo curto. Um sorriso apareceu em seu rosto.
Em POUCOS minutos, os três chegaram ao ponto de ônibus ao lado do rio. Ao avistar o ônibus, tio Alexander deu sinal com a mão. O motorista parou, saiu do veículo e abriu o compartimento de bagagem para que pudessem colocar as malas. Logo depois, todos entraram no ônibus, o tio pagou a passagem para o motorista e seguiram viagem.
Katya sentou-se e começou a olhar pela janela, pensando na longa viagem de volta para casa. Percebeu que alguém a observava. Ela olhou para o interior do ônibus e viu um homem sentado no banco À frente, com o pescoço virado, fitando-a sem a menor discrição.
- Menina, quem cortou o seu cabelo? - ele perguntou.
Katya baixou a cabeça.
- Eu mesma- Respondeu.
-Ah! -disse o homem. -Logo imaginei.
Apesar de ter sido educado, Katya sentiu-se envergonhada. Demorou alguns minutos para ela levantar a cabeça novamente.
Depois de uma hora de viagem, O ônibus parou na estação de trem. Katya estava feliz por sair do ônibus Enquanto esperavam o trem na plataforma, ela tentou ficar fora da vista das pessoas.
Mas, assim que o trem chegou, o condutor fixou o olhar em Katya. Ao entrar, Katya já sabia que a pergunta faria.
- Quem cortou seu cabelo, garotinha?
Novamente foi obrigada a admitir que havia cortado o Próprio cabelo. Oh, como desejava não ter desobedecido!
Não havia mais ninguém no compartimento do trem: apenas Katya e os amigos de seus pais. Ela ficou feliz com isso, é claro. pode relaxar um pouco sem que ninguém lhe fizesse a pergunta crucial.
N hora de jantar, Katya abriu a cesta de comida que baba Katya havia preparado. Baba Katya colocou ali vários tipos de varenyky, pequenas bolsinhas feitas de massa cozida recheadas de coisas gostosas como batata com queijo, repolho ou ricota. alguns eram recheadas  com mirtilo ou cereja.
Baba Katya também colocou na cesta algumas maçãs e pêssegos frescos, como também cerejas doces embrulhadas num guardanapo. De sobremesa, tinha khrustyky, uma massa frita adocicada com pedaços de amêndoas. E, claro, muitas sementes de girassol assadas e salgadas para o lanche.
Eles dormiram no trem e pela manhã chegaram a moscou. Dali, pegariam um avião que os levaria para o outro lado da Rússia, apara a Magadan, a cidade principal da região de Kolyma, ao leste da Sibéria.
ao embarcarem no avião, Katya teve que sentar numa fileira à frente das poltronas dos tios. A mulher sentada ao seu lado começou a olhá-la sem parar. Katya afundou-se em sua poltrona, mas sabia que não podia fazer nada para evitar aquela pergunta.
- Garotinha, quem cortou seu cabelo? - a mulher perguntou.
Katya sentiu vontade de gritar.
Nas oito horas de viagem que se seguiram, Katya não se moveu de seu lugar. vez após outra, uma pessoa passava pelo corredor, olhava para ela e perguntava sobre seu cabelo. Finalmente, Katya resolveu fingir que estava dormindo.
Era Magadan, pegaram o ônibus e , duas horas mais tarde, finalmente chegaram a Karamken. Esse nome significa ''ventania'' na língua do povo Chuckcha, os primeiros habitantes daquele lugar. o nome realmente combina com o lugar.
Mama aguardava na rodoviária. Abri um sorriso ao ver Katya sair do ônibus, mas seu sorriso logo desapareceu ao notar que o seu cabelo não estava meramente bagunçado pelo vento.
- Katya! - exclamou Mana. - O que aconteceu com os eu cabelo?
Katya colocou as mãos sobre a cabeça.
- Desculpe-me, Mama
Em seguida, ela contou a história de uma vez, sem nem mesmo respirar:
- estava muito quente, muito quente mesmo, todos os dias. Eu não conseguia suportar, Mana. Então tive que cortar os cabelos. Você entende, não é mesmo? Você vai me levar À cabeleireira, não vai? A cabeleireira pode dar um jeito.
- Por que Você cortou o próprio cabelo? - perguntou mana, séria. - Por que baba Katya não cortou pra você?
O coração de Katya parecia que ia sair pela boca. Ela baixou a cabeça e olhou pra ao chão.
Mama mal pode ouvir as palavras a filha.
-Ela disse Não.
Mama balançou a cabeça e ficou em silêncio. Ao chegarem em casa, Katya teve que explicar tudo de novo para o papa.
- Posso ir À cabeleireira, não é papa? - implorou Katya, mesmo sabendo que o pai não gostava nenhum pouco de gastar dinheiro.
- Você realizou o seu desejo de ter o cabelo curto. Já é o bastante - declarou papa. - Você não irá à cabeleireira. Ficará assim até ele crescer novamente. Vamos ver quando é que você vai aprender a obedecer.
Em seguida, ele pegou o jornal e começou a ler.
Katya quase chorou, mas não ousou discutir com papa. Seu cachorro, Hipka, gania em solidariedade e lambia a mão da menina, Mas isso não ajudou. Ele teria que ir à escola com o cabelo da aquele jeito. Por vários meses, até que crescesse outra vez, teria que aguentar a provocação dos colegas de classe.

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